10 Maneiras de como educar os filhos sem castigos

10 Maneiras de como educar os filhos sem castigos

Telma Abrahão

Telma Abrahão

Quando nos tornamos pais, é normal nos sentirmos perdidos ao extremo e sem saber como educar nossos filhos. Perdidos entre tantos palpites podemos chegar ao ponto de não sabermos mais o que está certo ou errado.

Se a criança fica mais solta, somos permissivos. Por outro lado, se nos impomos muito, somos autoritários.

Mas afinal como educar os filhos para se tornarem adultos respeitosos, seguros e emocionalmente saudáveis?

No artigo de hoje você vai conhecer 10 maneiras de como educar os filhos no caminho de uma educação empática, respeitosa e neuroconsciente.

Aqui você não vai encontrar receita de bolo para seguir. Porém, você terá acesso a princípios fundamentais para construir e nutrir uma relação harmoniosa e saudável com o seu filho.

Como sempre falo, educar não é instintivo e precisamos nos Reeducar para melhor educarmos nossos filhos, veja o que te espera a seguir:

1. Aceite a humanidade do seu filho 

2. Desista de controlar o seu filho 

3. Desça do pedestal 

4. Antecipe o problema

5. Influencie pelo exemplo 

6. Conecte-se genuinamente   

7. Tenha empatia 

8. Use o tom de voz gentil

9. Crie memórias positivas 

10. Evolua como pessoa e pai 

Mas como parar esse ciclo de dor e sofrimento?

Como educar os filhos?

Para educar com assertividade, não basta se autoconhecer. Claro que ajuda, e muito, mas educar bem vai além. Também não basta usar só o instinto.

Engravidar, ter um filho, amamentar, cuidar e proteger são atos naturais, mas educar não.

Se educarmos por instinto, vamos errar, e muito. Instruir exige conhecimento sobre como educar os filhos para eles desenvolverem todo o potencial que possuem.

Como Educar os FIlhos - Telma Abrahão

Tornamo-nos ameaçadores para nossos filhos quando não temos consciência de como nossas atitudes podem impactar profundamente o comportamento deles.

Porém, quando percebemos que somos responsáveis pelas nossas atitudes e pelos resultados que temos a partir de nossas escolhas, tudo pode mudar para melhor. Confira a seguir 10 maneiras de como educar os filhos na prática com gentileza, consciência e limites respeitosos.

1. Aceite a humanidade do seu filho

Reconheça que seu filho é um ser humano único, assim como você. Não somos iguais.

O seu filho não veio para se encaixar nos seus “moldes” de perfeição. Como pais, devemos ser treinadores e não “castradores” dos nossos filhos.

Nosso papel é ajudá-los a desenvolver importantes habilidades de vida, focar em seus pontos fortes e oferecer recursos para desenvolver seus pontos fracos.

Então, em vez de compará-lo com o amiguinho ou o irmão, aceite a imperfeição do seu filho, assim como a sua e olhe para ele buscando identificar e preencher as necessidades não atendidas que toda a criança tem: se sentir amado, acolhido, respeitado, ouvido, percebido, validado.

2. Desista de controlar o seu filho

Abra mão do controle. Quanto maior o descontrole interno, mais desejo você terá de controlar o mundo externo. E isso inclui os filhos. 

Um exemplo disso é quando justificamos nossas atitudes sem nos colocarmos em um papel de quem pode fazer uma escolha.

“Bati no meu filho porque ele não me obedeceu.” 

Desista de Controlar o seu filho

Essa é uma fala que responsabiliza o outro pela sua atitude. Quando nos tornamos conscientes e responsáveis pelos nossos atos, mudamos essa fala para:

“Bati no meu filho porque, além de não me controlar, não conheço outra forma de reagir, a não ser essa.” 

Percebe a diferença ? 

Não somos vítimas da situação, mas sim os responsáveis pela atitude tomada. Quando substituímos uma linguagem que implica falta de escolha por outra que reconhece a nossa possibilidade de opção, ganhamos o poder de mudar os nossos resultados.

Sem essa compreensão, seguiremos resistindo à mudança e nos mantendo apegados ao velho modelo autoritário de “eu mando e você obedece”, que usaram conosco no passado, e principalmente, culpando o outro pelas nossas atitudes.

Se você deseja mudar essa realidade, será fundamental abandonar essa necessidade de ter razão de querer controlar cada pequeno passo do seu filho e entrar em um estado de conexão com ele. 

Continue a leitura que mais a frente você compreenderá melhor como se conectar com o seu filho.

3. Desça do pedestal

Você não precisa ser inatingível. O seu filho só precisa se conectar a você. 

Pais feridos na infância tendem a ter grande barreira de proteção em volta de si, usam um escudo de força que chega a ser intransponível e se tornam inacessíveis aos filhos.

Por mais que estejam presentes fisicamente, não conseguem se conectar emocionalmente e essa atitude causa muita dor na criança, que é ávida por conexão e afeto.

Tomar consciência do que nos causou essas barreiras emocionais é o único caminho para conseguirmos descer ao nível de humanidade e vulnerabilidade que devemos estar.

Nossos filhos pagam um preço muito alto quando não temos consciência de nossas dores e atitudes.

Existem várias formas de fazer a mesma coisa, a sua não é necessariamente a melhor ou a única maneira correta.

Precisamos dar espaço para nossos filhos experimentarem o mundo do jeito deles e não apenas do nosso. Também podemos e devemos reconhecer nossos erros:

“A sua ideia parece interessante, filho! Vamos fazer do jeito que você falou!”

“Filho, a mamãe também erra, ainda estou aprendendo a lidar com você!”

Frases como estas não impõem a nossa vontade e, sim valida e também ensina que o erro faz parte do nosso processo de aprendizado e que todos nós estamos aprendendo.

Esta humanidade nos aproxima e nos tira de um pedestal inalcançável e nos coloca em um nível de conexão com os nossos filhos, muito necessário para criar um forte vínculo emocional com eles.

4. Antecipe o problema

Perder o controle é perder a razão! Consertar o estrago sempre dará mais trabalho do que evitá-lo. 

Antes de usar a raiva como forma de controlar a sua criança, busque as respostas primeiro. Pergunte-se:

“Quais as verdadeiras razões que se escondem por trás da raiva, briga e dos gritos do seu filho?”

  • Cansaço, por acordar muito cedo; 
  • Medo de uma escola nova; 
  • Estresse do passeio; 
  • Ansiedade para uma viagem interessante;
  • Fome, muitas horas sem se alimentar; 
  • Necessidade de atenção e afeto;

Olhar para a causa do comportamento nos ajuda não somente a lidar com os desafios de forma mais assertiva, mas principalmente agir na causa para evitar que grandes conflitos aconteçam.

5. Influencie pelo exemplo

Inspirar respeito é melhor do que pedir. Se está pedindo por ele, você não o tem. 

Pais que brigam com os filhos porque não sabem onde colocaram o tênis do futebol, quando o próprio pai nunca lembra em que lugar deixou as chaves do carro. 

Pais que vivem se matriculando na academia e que frequentam apenas uma vez por mês por não gostarem, mas obrigam seus filhos a fazer aulas de piano mesmo sob choros e protestos.

Pais que perdem o controle com qualquer coisa e gritam com um ser humano pequeno e que ainda possui um cérebro imaturo, mas não aceitam quando a criança joga seus brinquedos e faz “birra” diante de uma frustração. 

Pais que colocam crianças no mundo e que usam e abusam de sua autoridade, dando tapas e castigos em nome de uma cultura autoritária que desconsidera as emoções humanas.

  • Quer ser ouvido? Escute primeiro.
  • Quer ser levado em consideração? Considere primeiro. 
  • Quer filhos capazes e confiantes? Confie primeiro. 
  • Quer filhos respeitosos? Respeite primeiro.
  • Não faz sentido pedir para o filho parar de gritar, gritando! 
  • Exigir respeito, desrespeitando! 
  • Esperar gentileza, sem ser gentil. 
  • Querer filhos calmos, sem ter calma.

6. Conecte-se genuinamente

Influencie pelo exemplo

Um tom de voz gentil e o olhar de cumplicidade têm mais força do que qualquer ataque de nervos. 

Pais que não conseguem se conectar com os filhos podem não conseguir se conectar consigo.. Pais que não se conectam consigo tem um grande dificuldade de se conectar com os próprios filhos.

E normalmente, quem sofre as consequências dessa falta de consciência são os filhos, a parte mais frágil dessa relação.

É super importante você buscar maneiras de se compreender e lidar com suas emoções antes de agir no automático com ataques de fúrias, gritos e julgamentos. 

A melhor maneira de você conseguir a colaboração do seu filho é através da conexão com ele, quando você está consciente das suas emoções e também presente para os reais motivos por trás do “mau comportamento” do seu filho, que é o nosso próximo passo…

7. Tenha empatia

Cada palavra que sai da boca de um pai ou mãe importa. Ela entra pelos ouvidos dos filhos e é guardada direto no coração. Escolha-a bem! 

A empatia é um dos pilares mais importantes da inteligência emocional, sem ela não temos como nos colocar no lugar do outro de forma honesta e verdadeira.

Quanto mais nos conectamos com os sentimentos e necessidades por trás das palavras dos nossos filhos, mais próximos nos tornamos deles. 

Muitas vezes, por medo de perdemos a posição de autoridade ou controle, podemos ficar relutantes em criar essa conexão, mas não existe educação respeitosa e não violenta sem grandes doses de empatia e conexão. 

Passos de como educar os filhos com empatia:

1. Reconheça a emoção do seu filho

“Vi que está triste, filho! Quer um abraço?”

2. Contextualize com alguma fase da sua vida 

“Eu também perdi pipas quando era criança e fiquei chateado igual a você.”

3. Sugira uma solução 

“Eu tive uma ideia:  podemos construir a próxima pipa juntos, com o material que eu vou comprar, mais resistente, e isso não irá acontecer novamente. Que acha?”

Perceba que neste caso, o pai consegue sentir a dor do filho em perder a pipa, que para ele era tão especial naquele momento. 

Certamente esta criança, apesar da decepção de ver o vento levar sua pipa embora, guardará a lembrança desse dia com o olhar e as palavras do pai, guardadas com amor em sua memória.

8. Use o tom de voz gentil

Gritaria só agita o ambiente e piora qualquer situação. Ninguém se sente bem em um local de estresse e falta de respeito, porém você pode se acostumar a viver assim e achar normal. 

Mas esse hábito deixa todos da família ansiosos, aflitos e angustiados. Um tom de voz calmo pode evitar e resolver muitos problemas, veja alguns passos que você pode seguir a partir de hoje:

  • Para de criticar e passe a valorizar: encoraje o seu filho e diga as qualidades que você aprecia nele. 
  • Ouça mais: antes de agir no automático, compreenda o que o seu filho quer comunicar.
  • Use a razão para frear seus impulsos: respire e faça uma pausa antes de explodir. Isso ajudará a trazer sua razão de volta.
  • Explique os motivos: deixe claro as razões pelas quais o seu filho precisa colaborar, mostrando os benefícios para ele.

O caminho mais fácil é sempre gritar e perder a paciência, o que funciona na hora, mas no longo prazo provoca medo, desconexão e distanciamento entre pais e filhos. 

Um tom de voz calmo tranquiliza e aumenta as chances da outra pessoa escutar o que dizemos.

Escolha a gentileza para buscar esta conexão com o seu filho. No início será mais desafiador, mas com o passar do tempo, ela vai se transformar em um hábito e uma ponte de vínculo e confiança entre você e o seu filho.

9. Crie memórias positivas

Quem bate esquece, quem apanha, não! Talvez ainda se lembre da roupa que vestia no dia em que sua mãe ou seu pai decidiu dar uma surra em você por não fazer o que ele ou ela queria. 

Certamente, seus pais se esqueceram dessa data, mas você não.

Marcar positivamente a infância do seu filho é entender que o maior presente que você pode dar ao seu filho é a sua presença emocional, o seu real desejo de estar perto e encontrar prazer nos pequenos momentos com ele.

Aproveite os momentos em que estão juntos para criarem vínculos, convide o seu filho para:

  • lavar as louças do jantar com você;
  • fazer o bolo do lanche da tarde juntos;
  • brincar de fazer caretas; 
  • lavar o carro com você;
  • dar uma volta ao ar livre;

Estas atividades simples e realizadas no dia a dia, impactam e marcam positivamente a infância do seu filho. Um pouco de atenção positiva a cada dia já pode estabelecer e nutrir uma melhor  relação com o seu filho. 

10. Evolua como pessoa e pai

Os filhos nos mostram tudo o que precisamos melhorar em nós, nossas dores e feridas mal-curadas e que já estavam lá antes deles chegarem. Por isso, podemos considerá-los grandes professores. 

Talvez você tenha hoje dores emocionais que seus avós também tiveram, que foram repassadas aos seus pais, chegaram até você e agora você pode estar repassando aos seus filhos, mesmo sem querer.

Mas, como parar esse ciclo de dor e sofrimento ao educar os filhos sem agressividade?

Pare de SOfrer - Como educar os FIlhos

Tomando consciência, revendo suas crenças, se questionando sobre suas atitudes, parando de repetir comportamentos que você já sabe que não são bons, reconhecendo suas falhas, decidindo aprender uma nova forma de se relacionar com quem você ama e, se preciso, buscando ajuda de um profissional para auxiliar nessa jornada. 

Não existe receita de bolo nem fórmula mágica para educar os filhos.

A caminhada é longa e devemos dar o primeiro passo. Cuide de suas feridas, pois elas podem passar à próxima geração.

No meu livro Pais que evoluem” você pode se aprofundar mais em cada uma destas 10 maneiras e aprender novas formas de agir de como educar os filhos na prática.

Indico esta leitura como o seu primeiro passo para uma grande transformação na relação com o seu filho, ainda que até hoje você só tenha agredido, castigado ou punido o seu filho.

Sempre é tempo de mudar e você pode aprender a fazer diferente a partir de agora.

Conte comigo nesta jornada! 

Um beijo,

Telma Abrahão

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts relacionados