Como educar meu filho sem precisar gritar - Telma Abahao

Como educar um filho que não obedece?

Telma Abrahão

Telma Abrahão

Você busca obediência dos seus filhos? Se sua resposta foi “sim” fique comigo até o final desse artigo..

Sei que você cobra obediência porque espera que o seu filho se comporte, seja educado e faça o que você manda.

Mas já parou para pensar se você realmente quer um filho obediente? Ou será que quer um filho que saiba pensar e tomar boas decisões mesmo quando você não estiver por perto?

A verdade é que educar o seu filho para que ele seja um futuro adulto responsável vai muito além da obediência.

E uma educação autoritária aumenta os comportamentos desafiadores das crianças como, com birras, gritos e a teimosia.

Como sei que você deve estar cansado de tentar fazer tudo o que os familiares e amigos recomendam e na maioria das vezes, sem ver melhoras positivas no comportamento do seu filho, eu preparei este artigo para você saber como agir com um filho que não “obedece”.

Como educar um filho que sabe tomar boas decisões?

Com treino. Deixando de ser pais ditadores e nos tornando pais treinadores.

Crianças nascem com um cérebro imaturo e não são capazes de pensar como um adulto. Elas aprendem com as pessoas ao seu redor, com o ambiente em que vivem e com seus relacionamentos, conforme seu cérebro amadurece e se desenvolve.

Treinar importantes habilidades de vida todos os dias é essencial, pois uma criança não vai aprender a ter empatia do dia para a noite e também não vai aprender a respeitar o outro sem ser respeitada.

Como Educar um filho que não obedece

E para aprender a pensar e tomar boas decisões é a mesma coisa, ela terá que ter espaço para fazer perguntas, para questionar, para falar o que pensa e sente sem medo de ser punida ou castigada.

Esse é um processo que dura a infância e a adolescência toda e por isso a conexão, a empatia e o respeito mútuo são tão importantes. Os filhos precisam aprender a confiar em seus pais e não a teme-los.

E o tipo de relação que a criança tem com seus pais impacta não apenas dentro de casa, mas na escolha das amizades, das brincadeiras, na escola e na vida como um todo.

Mas você sabe o que acontece com uma criança que é constantemente castigada pelos erros?

Ela fica paralisada, com medo de ousar, experimentar acreditar em si e errar, porque os erros significam o mesmo que “castigo”.

Os erros são na verdade uma grande oportunidade de aprendizado e não motivos para castigos.

É coerente esperar que o seu filho seja seguro, autônomo e faça as próprias escolhas se na infância ele não foi treinado para isso.

Por que o seu filho não quer “obedecer”?

Se queremos ter filhos prósperos, seguros e bem-sucedidos, precisamos rever essa forma castradora de como educar um filho.

Isso me lembra a parábola do elefante, você conhece? 

Havia um elefante que trabalhava em um circo desde filhote e ficava amarrado em uma corda atada a uma grande árvore. 

Ele lutava bravamente para se soltar, mas não conseguia, pois ainda era pequeno e sua força não era suficiente para se libertar. 

Os anos se passaram e ele desistiu de tentar se soltar, pois percebeu que era em vão e se acostumou com aquela situação. Então depois de anos, quando finalmente cortaram a corda, ele simplesmente continuava no mesmo lugar. Sem saber que poderia sair andando e se libertar. 

O mesmo acontece com as crianças que são educadas para obedecer cegamente.

Quando focamos na obediência, perdemos a oportunidade de entender o que a criança pensa, sente e considera sobre si mesma e o mundo onde vive.

Explicar com respeito para o seu filho, o porquê e a importância dele precisar fazer algo ou ter determinada atitude trará um resultado muito melhor do que a imposição.

Mas antes de conversarmos sobre o seu filho, quero te convidar a refletir a respeito da próxima pergunta:

Com quem você tende a colaborar mais?

Com as pessoas que confiam na sua capacidade ou naquelas que o diminuem, criticam ou julgam?

Essa é uma questão que devemos sempre nos questionar quando estamos querendo impor a nossa vontade em nossos filhos.

Muitos de nós crescemos com pais que não tinham consciência de como suas atitudes autoritárias e agressivas poderiam deixar marcas profundas na infância de seus filhos.

como educar um filho desobediente

Mas não os culpe, porque apenas repetiram um padrão que foi usado com eles. Nesse modelo, educar um filho era olhar duro, chamar atenção, colocar de castigo e cobrar uma obediência que a criança não poderia abrir a boca para questionar.

Acontece que, com esta forma de educar, muitas vezes, não éramos vistos, considerados quando tentávamos ser autênticos, mas percebíamos que éramos aceitos quando obedecíamos ou fazíamos exatamente o que esperavam de nós.

Talvez você já tenha ouvido algumas destas frases :

“Eu ja falei mil vezes, voce eh burro menino?”

“Não gostou? A porta da rua é a serventia da casa !”

“Se você não fizer o que eu mandei, vai apanhar!”

“Não vou comprar nada, você não merece!”

Frases carregadas de culpa, punição e julgamentos e que fazem uma criança perder a confiança em sua capacidade de tomar decisões, pois ela para de olhar para dentro, de confiar em sua verdadeira essência para buscar aprovação e o amor dos pais de forma condicional.

Bem provável que você já tenha feito algo para seus pais esperando uma recompensa, elogio ou uma palavra positiva para o motivar.

E, assim você não percebeu, mas foi criado e empurrado para se acostumar a atender às expectativas dos pais, às suas questões idealizadas e para preencher as fantasias e sonhos não realizados por eles.

Com o passar do tempo esse padrão se repete com os amigos, namorados, com o cônjuge, no trabalho e com a vida de modo geral.

Por essa razão é tão importante interrompermos esse ciclo vicioso de educar um filho na base da “ditadura” para encaixá-lo em nosso modelo de perfeição e idealização.

O que também não significa deixar a criança fazer o que bem entende sem aprender sobre limites, que não precisam ser castradores, mas podem ser firmes e respeitosos e é sobre isso que eu vou falar a seguir.

Como educar a criança com limites respeitosos?

Educar um filho requer dedicação, treino e empatia para compreender que a criança possui um cérebro imaturo e não pensa racionalmente como um adulto.

E, para isso acontecer, nós como pais precisamos ser empáticos para sermos firmes nos limites e gentis na comunicação.

Antes de trazer orientações práticas de como educar um filho, vou explicar melhor o caminho para você encontrar este equilíbrio ao guiar a sua criança.

como educar um filho que não obedece

Os pais podem ser autoritários, permissivos ou respeitosos. Em um momento, ficam muito rígidos, inflexíveis, e agem de forma agressiva, se arrependendo em seguida, ou não.

Quando se arrependem, acabam indo para o outro extremo e se tornam “bonzinhos” demais para compensar o excesso de dureza que tiveram momentos antes.

Essas atitudes convidam as crianças à rebelião e a grandes lutas por poder com os pais, pois não se sentem ouvidas, consideradas, respeitadas, e partem para o mau comportamento, como forma de desafiar e buscar se impor.

Quando os pais vão para o extremo da permissividade, ficam muito bonzinhos, se sentindo culpados.

Então, o caos se instala. As crianças percebem essa insegurança dos pais e passam a fazer o que querem, buscando compreender até onde podem ir para achar o limite de que tanto precisam.

Sim. Encontrar o equilíbrio entre esses dois opostos é o grande desafio. A seguir separei importantes estratégias para você começar esta mudança no relacionamento com o seu filho a partir de agora.

1. Cuide do seu tom de voz

Como é o seu tom de voz? Ele convida à rebelião ou à colaboração?

Gritarias só servem para agitar o ambiente e as crianças, o que as deixam ainda mais inquietas. Nosso tom de voz pode fazer grande diferença na resposta que temos dos nossos filhos.

Em momentos de estresse, mantenha a calma, abaixe na altura dos olhos da criança e fale com calma e clareza usando um tom de voz gentil.

Se o seu tom de voz é rígido, alto e ameaçador, o seu filho será convidado a rebelião e a responder como se quisesse se defender de você.

Por outro lado, quando você permanece calmo (a), o seu filho se sente seguro e evitamos que o caos se instale. Além que, também nos tornamos um modelo positivo de autocontrole e respeito para nossos filhos.

2. Invista tempo para “treinar” seus filhos

Muitos pais acreditam que seus filhos já deveriam entender algo ou saber como agir em determinadas situações, porém a primeira pergunta a ser feita é: eu já dediquei tempo para treinar e ensinar meu filho a desenvolver essas habilidades?

O que parece óbvio para você pode não ser óbvio para o seu filho. Lembre-se de que ele ainda não possui o seu repertório de adulto vivido e cheio de experiências acumuladas ao longo da vida.

Disciplinar nossos filhos significa investir tempo para que possamos treinar o comportamento que queremos ensinar.

Por exemplo, quando seu filho estiver aprendendo a atravessar a rua, treine junto nas primeiras vezes a como atravessar com segurança. Você pode dizer:

“Quando chegarmos ao final da calçada, você precisa segurar minha mão. Então, você deve olhar para os dois lados para ver se algum carro está chegando. Depois de segurar minha mão e olharmos para os dois lados, poderemos atravessar a rua com segurança.”

Perceba que com este exemplo você vai estar antecipando a situação com o seu filho e o ensinando a agir quando determinada situação acontecer. Isso evita birra e a temida frase:

“Falei para não atravessar, mas você me desobedeceu.”

A princípio, não espere que ele aprenda na primeira, mas se você dedicar tempo e treinar esta habilidade, logo ele vai aprender a atravessar a rua com segurança.

3. Ensine a importância de manter a palavra

Você já faz combinado com seus filhos?

Os combinados ajudam a criança a saber o que esperar de uma determinada situação, aumenta a confiança entre pais e filhos, ensina as crianças a entender a importância da palavra, além de colocar limites de forma respeitosa.

Para fazer “combinados”, seu filho já deve ter idade suficiente para se comunicar verbalmente, pois ele precisa compreender seu pedido e repetir para que você tenha certeza de que ele entendeu o que vocês combinaram.

-Converse no mesmo tom do seu filho

Abaixe-se na altura dos olhos do seu filho e comunique em tom calmo e gentil o que será feito.

“Vamos ao shopping por uma hora, apenas para passear e tomar um sorvete. Não vamos comprar brinquedos hoje. E quando eu falar que chegou a hora de voltar para casa, vamos embora. Combinado?”;

Como Educar um filho que não obedece - converse

-Retome o combinado anteriormente

Peça para o seu filho repetir o combinado para ter certeza de que ele compreendeu o que acontecerá;

-Lembre a criança

Dez minutos antes de dar a hora de voltar para casa ou qualquer que seja o combinado, avise que a hora de ir embora está chegando e reforce esse combinado.

Diga: “Qual foi o nosso combinado antes de sair de casa?”.

Isso ajuda a criança a se lembrar e a diminuir possíveis frustrações;

-Cumpra a sua palavra

Quando chegar a hora combinada, honre sua palavra. É fundamental que você cumpra o combinado, pois a confiança é e sempre será algo fundamental na relação entre pais e filhos;

-Valide e acolha as emoções do seu filho

Se, mesmo assim, seu filho chorar, ficar chateado, está tudo bem! Acolhe e valide. Permita o seu filho se frustrar e aprender a lidar com as próprias emoções. Lembre-se frustrar faz parte da vida, especialmente na infância, veja:

“Tudo bem ficar triste, filho! Se você quiser um abraço eu estou aqui para você.”

“Sim, nem tudo acontece como queremos filho! Sei como é se frustrar porque já passei por isso. Estou aqui se você quiser um abraço.”

Concluindo 

Quando nos tornamos conscientes de quem realmente somos, de nossas limitações emocionais, nos conectamos a nossa humanidade, fica mais fácil ver e aceitar nossos filhos como realmente são. E, sim! 

Eles merecem esse presente. 

Seres humanos que viveram em um deserto emocional durante a infância não aprendem a lidar com suas emoções. Muitos tiveram pais presentes fisicamente, porém ausentes emocionalmente. 

Pais que não conseguiam se conectar com os filhos, porque não estavam conectados consigo. 

Que tinham grande dificuldade para compreender o que sentiam, portanto, também não compreendiam os sentimentos do outro e, claro que, normalmente, quem sofre as consequências dessa falta de consciência são os filhos, a parte mais frágil dessa relação. 

Caso queira se aprofundar mais neste assunto e aprender outras maneiras  práticas de conseguir a colaboração do seu filho, mesmo que ele brigue, “desobedeça” e tenha comportamentos desafiadores, indico a leitura do livro best seller “Pais que evoluem.”

Você vai aprender como iluminar o destino da sua família. Você vai saber o que fazer para mudar o rumo das próximas gerações quebrando ciclos de dor e sofrimento de como educar um filho para um futuro saudável, próspero e de adultos melhores nas famílias e no mundo!

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