O que está por trás das birras do seu filho

O que está por trás das “birras” do seu filho?

Telma Abrahão

Telma Abrahão

“Você de novo, fazendo “birra”, meu filho? Você só sabe chorar!”

Parece uma frase comum, mas se você chegou aqui neste artigo é provável que você esteja a ponto de sumir por não aguentar as frequentes “birras” do seu filho.

Crescemos debilitados emocionalmente e sem saber como lidar com a raiva, a tristeza e a frustração de forma empática, acolhedora ou respeitosa. Então, como acolher o choro e as “birras” de uma criança se a maioria das pessoas de nossa geração não recebeu esse importante acolhimento e educação emocional quando crianças?

Educar é o maior desafio da vida de um pai ou de uma mãe — e disso ninguém duvida. Mas educar sem conhecimento sobre o comportamento infantil torna tudo muito mais difícil, pesado e até traumático para pais e filhos.

Usarei a palavra “birras” entre aspas porque, ao longo da leitura, você vai descobrir um novo significado para ela. Também vai compreender os reais motivos por trás das “birras”.

Mas afinal por que as crianças fazem “birrasl”?

A “birra”  não é um ataque do seu filho para te provocar, como muitos pais pensam.

birras do seu filho

Esta crença é baseada em uma falsa premissa: a de que a criança tem controle sobre os pensamentos, emoções e comportamentos, portanto age de propósito e planejada para nos atacar e manipular.

A criança faz “birra” por não saber outras formas de lidar quando suas necessidades não são atendidas. Ela não tem controle sobre suas emoções.

O seu córtex pré-frontal só estará um pouco mais amadurecido para pensar em algo de forma racional ou “planejada” por volta dos 6 anos de idade. Então, você não precisa se defender dos “ataques” do seu filho, como se ele quisesse te manipular ou fosse “terrível.”

Por mais que a criança se desenvolva, ganhe força, movimento e se torna mais curiosa para descobrir e viver novas experiências de vida, o cérebro dela não se desenvolve na mesma velocidade que o corpo.

Somos uma espécie de mamífero que nasce com um cérebro imaturo que só termina de se desenvolver após as duas primeiras décadas de vida.

Como as “birras” se manifestam?

As “birras” normalmente se apresentam em forma de gritos, berros, desabafos raivosos, resistência e, em alguns casos, até bater, puxar os próprios cabelos e morder. Essa é uma forma instintiva do corpo da criança de extravasar o que sente na tentativa de se autorregular.

Birras - o que está por trás disso

É quando você está no shopping e o seu filho não quer embora, porque gostou de ficar brincando, ou quem sabe na hora que você diz “não” para aquele carrinho novo que ele queria tanto.

Sei que você pode ver essas explosões emocionais como um ataque pessoal para você se sentir “envergonhada” na frente de outras pessoas.

Ainda que sejam desafiadoras para lidar, é preciso reforçar aqui que estes comportamentos não são um ataque contra você.

O seu filho não faz “birras” para ver o seu limite, testar sua paciência e como uma provocação até você mudar de opinião.

O seu filho ainda não tem o cérebro maduro para “arquitetar” um plano maldoso para conseguir o que ele quer ou para te enganar.

As funções executivas ligadas ao raciocínio e planejamento vão amadurecendo com o passar dos anos e só terminam esse amadurecimento por completo por volta dos 25 anos de idade.

Essa crença de que a criança age propositalmente para conseguir o que deseja e manipular os pais muitas vezes, impede os pais de compreenderem o choro de uma criança…

O choro como uma forma da criança se comunicar

Quando nascemos, não falamos, não andamos e não somos capazes de nos alimentarmos sozinhos.

A única forma de comunicação possível e programada pela natureza é o choro.

O que está por trás das birras do seu filho - Telma Abrahao

É assim que o bebê comunica suas necessidades físicas e emocionais básicas para manter a sobrevivência.

Precisamos de afeto, segurança, alimento, aconchego e colo. Sem isso, nosso pequeno corpo se sente desprotegido, inseguro, o que impactará a construção de um apego seguro com a mãe ou cuidador primário.

Choramos quando sentimos fome, sono, frio, medo, carência, necessidade de proteção, toque, aconchego ou segurança.

A presença e o colo dos pais ou cuidadores mantêm o cérebro do bebê no estado de calma e segurança necessárias para garantir o bom desenvolvimento físico e emocional.

Quando compreendemos que o nosso filho é apenas um ser humano vulnerável e frágil dependente de nosso cuidado e proteção, conseguimos ter um comportamento muito mais acolhedor e menos julgador com ele.

Considerações importantes

Ainda que as “birras” possam tirar a sua capacidade de permanecer calmo e racional, é importante reforçar que você é o adulto desta relação.

Aprender a regular nossas emoções é o primeiro passo para ajudar as crianças a fazerem o mesmo.

Aprender a usar a razão é fundamental para nos ajudar a lembrar que a criança não está se comportando mal ou de propósito para nos atacar, e sim experimentando uma resposta ao estresse que ela ainda não é capaz de tolerar sozinha.

A nossa presença calma e empática, com foco nas necessidades individuais de cada filho, é a melhor maneira de apaziguar a turbulência emocional do momento.

Tenho vários materiais escritos sobre comportamento infantil e parentalidade na Amazon, para você se aprofundar mais sugiro a leitura do meu livro digital  Por trás das “birras” vendido por apenas R$5,99 exclusivamente pela Amazon e gratuito para assinantes do Kindle.

Nesta obra aprofundo um pouco mais nas “birras” e ainda trago maneiras mais respeitosas e empáticas de lidar com elas e acabar com o caos em sua família.

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